Autora: Victória Novais Barros
Orientadora: Dr.ª Adriana B. Pereira
Resumo:
Esse estudo é fruto de reflexões realizadas no Grupo de Estudos sobre Gênero, Esporte e Mídia (GEPGEM) da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Considerando seus fundamentos, o futebol é um fenômeno que perpassa por transformações históricas e socioculturais, abrindo possibilidades de análises de seus processos de construção. Proibidas de jogarem por mais de quarenta anos, o futebol feminino chegou ao Brasil em um contexto carregado por ideais do higienista, eugênicos, e de determinismo biológico. À mulher foi atribuída papeis sociais de função reprodutiva e atividades domésticas, reforçando a naturalização da exclusividade masculina nos esportes. Objetivo: verificar, a partir das narrações, se ainda existem preconceitos que foram construídos com influência da história do futebol feminino no Brasil. Método: Quanto ao delineamento do estudo, sob a perspectiva do construcionismo social, foi analisado os sentidos circulantes nas práticas discursivas presentes das narrações durante a transmissão televisiva da copa de futebol feminino de 2019. Os jogos selecionados foram os narrados por diferentes narradores e com maiores pontuações na audiência, sendo gravados, transcritos e analisadas manualmente a partir de uma análise de discurso. Resultados: com base nos critérios de análise do discurso selecionados, os resultados e discussão constataram a ocorrência de comentários envolvendo a erotização das jogadoras de futebol, no qual suas características físicas se destacam no discurso sobrepondo seu desempenho profissional ; comparação entre as categorias de gênero do futebol, com discursos frequentes fazendo referência ao masculino, como se o feminino fosse apenas uma tentativa de reprodução desse; destaque sobre a função reprodutiva ainda ser possível, mesmo que enquanto jogadoras de futebol; e erros de concordância de gênero aos narradores se referirem às jogadoras. Conclusão: tais resultados evidenciam que o discurso possui preconceitos construídos e enraizados ao longo da história do futebol feminino, demonstrando a necessidade de expandir o alcance dessa história na sociedade a fim de não propagar o silenciamento existente, promovendo a desnaturalização discursiva. Ao desnaturalizar aspectos preconceituosos nos discursos, tem-se empenho na desconstrução do futebol como um fenômeno sociocultural de supremacia exclusiva aos homens, e auxilia na construção de um fenômeno que promove equidade de direitos, visibilidade, influência e mobilização sociocultural, características essas que se mostram ausentes ou pouco presente no futebol feminino brasileiro.
Palavras-chaves: futebol feminino; construcionismo social; análise do discurso; esporte e mulher; jogadoras de futebol.
Comments